O ópio do povo

24/06/2014 12:07

        A frase que se encontrava em frente à entrada do Oráculo de Delfos, “Conhece-te a ti mesmo”, me faz refletir sobre os nossos dias atuais. Nós seres humanos dotados de inteligência, nos conhecemos? Ou sabemos o que é verdade? Seguimos nossos passos, ou deixamos outros darem o norte para nossas direções?
        Vejo através da história da humanidade, o quanto esta evoluiu. A humanidade evoluiu? Claro, mas a passos apertados, a humanidade demora muito a dar o próximo passo. Ela por sua fez, não se conhece, ou há determinados ‘elementos’ que, não o deixam conhecer. A humanidade ela ainda vive a sombra da alienação, somos escravos desta, seguimos o que todos seguem, ou ditam a seguir.
        A humanidade segue tendências que determinados elementos destina a ela, veja o exemplo o modo se vestir e de se comportar, é quase tudo igual, tudo muito parecido, quase tudo padronizado, estamos dominados por uma alienação visual; se não seguimos determinados conceitos, somos carta fora do baralho. O filosofo alemão Karl Marx (1818-1883) diz que “... a desvalorização do mundo humano cresce em razão direta da valorização do mundo das coisas”, valorizamos mais o produto em si do que ser um ser humano. Acrescentamos muito valor ao produto, querendo ser parte deste. O produto se tornou um fetiche, algo muito desejado, transformando a coisa - em - si, para a coisa - para - si. O valor das coisas (falando em finanças) representa muito mais ao bem que o produto nos proporciona, do que ele vale realmente (o custo). Isso é a alienação da mercadoria.
     Induzem-nos a aceitar determinadas idéias, por interesses próprios, por exemplo, vejamos a nossa atualidade política. Os cidadãos na qual escolhemos de forma “democrática” para nos representar, estão muitas vezes lá, pelos seus interesses próprios. Mas como eles fazem para chegarem lá?  Isso é um processo histórico, somos alienados com promessas grandiosas, enchendo nossos olhos e nossas cabeças vazias. A nossa educação os favorece muito, onde aprendemos que, 1+1=2, sem questionamentos, aprendemos a aceitar as coisas dadas, sem questioná-las.  Nossa educação está valorizando muito às ciências exatas, onde as coisas são prontas, onde os alunos tende seguir as fórmulas e deu, a resultado está pronto, sem um processo racional. As ciências exatas na educação servem puramente para estimular o raciocínio, e não a ‘decoreba’, mas não é isso que vemos; talvez a filosofia cumprisse melhor este papel.
        Todos os meios de comunicação nos induzem a seguir determinadas verdades, estabelecidas por estes; estamos à mercê do sofrimento coletivo da aceitação alienada, e muitos dizem que a salvação está em outro plano, ajudando assim a continuar este estado alienado. Por isso Marx criticava duramente a religião, “... a religião é o suspiro da criatura oprimida, o sentimento de um mundo perverso, e a alma das circunstancias desalmadas, é o ópio do povo”.
        Digo-vos que o ópio da sociedade está inserida na própria sociedade, com elementos de dominação, que atrasam o processo evolutivo da nossa sociedade. Poderemos evoluir a passos largos, mas não alienados como a maioria está. Muitos irão se indignar o que escrevo, mas pergunto a estes “Conhece-te a ti mesmo?”.