O Homem - Aranha e a Filosofia

24/06/2014 11:45

 

            Alguém já olhou os super-heróis dos quadrinhos com um olhar filosófico? O que? Você vai dizer que não há nada em comum? Para seu espanto tem tudo a haver. Principalmente este que, é o maior herói dos quadrinhos, os seus filmes bateram todos os recordes de bilheteria, extraordinário sucesso. Estou falando de nada mais, nada menos do O Homem – Aranha.

            Este aracnídeo nos oferece um super-herói com quem podemos nos identificar. Peter Parker (o Homem – Aranha sem a máscara) é um jovem que luta contra as tentações humanas comuns, bem como os entraves da adolescência.

            Logo após ser picado por uma aranha radioativa (no filme uma aranha geneticamente modificada), dando a Peter Parker o poder que lhe tornará em O Homem – Aranha, seu tio Ben, sentindo que há algo de diferente no sobrinho lhe dá um conselho que, “com grande poder, vem grandes responsabilidades”.

Após a morte de seu tio, essa frase norteará Peter Parker , e o levará para o resto de sua vida como o herói  Homem – Aranha. Esta frase filosoficamente, significa o que os filósofos Benthan (1748-1832) e Stuart Mill (1806-1873), chamam de utilitarismo, onde somos obrigados a executar a ação que produz maior bem geral. Isso faz O Homem – Aranha se tornar um herói, salvando vidas, e não usando seus poderes para benefícios próprios. Isso nos mostra que, Peter Parker deverá estar preparado para fazer sacrifícios pessoais para cumprir seus deveres morais. Os utilitaristas não dizem que nós temos o dever de fazer coisas que não podemos, mas sim que, qualquer um que tenha habilidades especiais, deva usá-los para o bem maior.

            Mas por que salvar pessoas? Por que correr risco de vida lutando contra vilões em nome de um bem maior? O filósofo alemão Kant (1724-1804), nos diz que, nosso dever fundamental é agir de uma maneira que satisfaça o que ele chamava de o Imperativo Categórico, uma formulação que dita que nós sempre devemos tratar as pessoas como fins em si e não como meros meios. Mas Kant, também enfatiza que realizar uma ação de acordo com o imperativo categórico não basta para ela ser boa. Em essência, a ação deve ser feita também pelos motivos certos; ou seja, O Homem – Aranha deve faze – la justamente por que é o seu dever. Segundo esta interpretação, portanto, as intenções do nosso herói aracnídeo são relevantes ao valor moral do que faz.

            Peter Parker não gostando de ver os vilões tratando as pessoas como meros meios (usando-as), veste seu uniforme se tornando em O Homem – Aranha, salvando estas pessoas, fazendo e protegendo para que elas vivam como fins em si (respeitando a vida humana), fazendo justamente o que é o seu dever (segundo o imperativo categórico do filosofo Kant). Isso é um ato nobre. Escolher e cumprir o dever. Combater o crime. Ajudar os indefesos e proteger estes das perversas maquinações dos vilões. Isso sim o torna em um super – herói.

            Muitos acham que, partes do heroísmo do Homem – Aranha, ele não precisaria fazer. Peter Parker tem a permissão para viver uma vida comum. O fato de escolher outro caminho, o de ser o herói  Homem – Aranha, é que faz suas ações serem dignas de louvor. A grande responsabilidade que vem com o grande poder, não é o dever de usar esse poder como O Homem – Aranha (um super – herói), é, no máximo, uma obrigação de não prejudicar os outros usando – o de modo errado.