O “X” da mutação como resposta a descriminação

24/06/2014 11:34

      

  “Mutação: é a chave da nossa evolução e nos permitiu evoluir de uma célula única à espécie dominante do planeta. Esse processo lento, normalmente, leva milhares de anos. Mas a cada centena de milênio, a evolução dá um salto” (narração inicial de X-men – O Filme).          

            Não entendemos os diferentes, os excluímos, os descriminamos; o objetivo atual do mundo contemporâneo é buscar relacionamentos saudáveis e o respeito às diferenças em todos os âmbitos: do social ao político. As HQ’s (histórias em quadrinhos) dos X-men, é um grande referencial para este tipo de discussão. A história conta que, há mutantes entre nós: pessoas que nascem com habilidades extraordinárias e, na maioria das vezes, aparências atípicas; uns são capazes de através paredes, outros manipular mentes, há aqueles que podem controlar o fogo, outros o gelo. Há ainda aqueles que possuem asas com uma aparência de anjo, outros, com uma aparência que lembra um demônio. Estes mutantes causam medo e insegurança, para os humanos não evoluídos, por causa de suas capacidades incomuns.      
            A evolução é a responsável pelo desenvolvimento de seres com super poderes na história. Há um gene presente no código genético de alguns seres humanos batizado de “fator X”, que é o responsável pelas alterações no organismo desses seres humanos. Na linguagem cientifica, esse seria o próximo passo da evolução humana: de homo sapiens a homo superior. Seres humanos diferentes foram obrigados a aprender a conviver (ou não), o que conduz à questão da alteridade. A reflexão a cerca do outro, sempre ocorre no encontro com o outro diferente e, nesse encontro, a alteridade sempre oscilava entre uma visão depreciativa e uma visão ingênua acerca do outro diferente. Mas ambas as visões desconsideravam o outro como ser humano. Mesmo se tratando de seres humanos mais evoluídos, as pessoas não consideram os mutantes como “seres humanos” e, por isso eles recebem o estigma: mutante. O preconceito é sempre uma diminuição do outro.          
            Com estes grandes poderes, extraordinários por sua vez, os mutantes poderiam facilmente subjugar os seres humanos e validar a sua própria vontade. Mas há aqueles que defendem uma coexistência pacífica entre humanos e mutantes (professor Charles Xavier e seus pupilos os heróis X-men) e, há aqueles que acreditem que os seres humanos são o passado, e o futuro são os mutantes, pois a superioridade mutante deve subjugar a inferioridade humana (Magneto e a Irmandade Mutante), pois após sofrerem a descriminação, não aceitam este, por isso se torna recíproca a descriminação.
Os X-men defendem a idéia de que o exercício da tolerância é a chave para a convivência pacifica entre seres humanos e mutantes. Um dos caminhos para o exercício da tolerância inicia-se a partir da educação, é um constante aprender a viver (por isso Xavier cria o Instituto Xavier, escola para seres super dotados). Os X-men são preparados para defender a humanidade dos ataques de outros mutantes, são preparados para defender aqueles que tanto os temem e os odeiam.   
            O que faz os X-men respeitarem tanto os seres humanos que os rejeitam? O que estes a se engajarem por uma luta pacifica entre humanos e mutantes? Afim por que os X-men são bons? Para Aristóteles, filósofo grego (384 a.C. - 322 a.C.), a resposta está no exemplo, Professor Charles Xavier dá um bom exemplo para seus pupilos, já o filósofo Stephen Evans, nos fala que, igualmente a teorias aristotélicas, acredita que os X-men são bons pelo fato de estarem próximo a pessoas que amam o bem, como Xavier. 
            Os X-men personificam o amor ao próximo que o filósofo dinamarquês Kierkegaard (1813-1855), vê como dever fundamental. Eles trabalham para o bem dos outros, lutando por um mundo onde todos sejam aceitos e não apenas aqueles que são iguais. Os X-men trabalham para o bem de todos, incluindo até aqueles que tentam persegui-los e prejudica-los. O amor e o interesse deles pelos outros parece incondicional em qualidade e universal em extensão.        
            Os X-men demonstram capazes de tal altruísmo e, talvez, seja essa a chave para o exercício da tolerância e o respeito à alteridade: doação incondicional ao próximo, sem a pretensão de excluir ninguém da categoria de “próximo”, valorizando-o como pessoa, que possui uma história, experiência particulares, uma cultura singular e, tudo isso, a partir de um dialogo maduro, aberto e sadio, dentro das mais distintas esferas humanas. 
            Bom, as HQ’s dos X-men propõe este desafio para todo e qualquer relacionamento humano. Essa é uma proposta que os super-heróis X-men lançam àqueles que se preocupam com a questão da tolerância e a convivência pacifica entre pessoas diferentes.