Filhos da revolução

24/06/2014 11:59

        

        Final da Ditadura militar, anistia, manifestações e os jovens nas ruas, assim que se inicia a década de 80 (ano na qual eu nasci), época fértil para o Rock Nacional.  “Tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você...”, isso parece meio arrogante, mas no fundo era uma manifestação de liberdade, que a música Será, vinha anunciar; democracia.

        Foi nesta década que surgiu uma das maiores, e mais lembradas bandas de Rock do país, a Legião Urbana, esta se tornou uma febre entre os jovens daquela década e ainda de hoje, vendendo milhares de discos. A temática musical da Legião Urbana quanto a estrutura das letras das músicas, foi pouco conservadora quanto as normas da gramática, no entanto, fazendo uso de licença poética, o autor das músicas (Renato Russo) tentava passar sentimentos, emoções e percepções sobre ser jovem em um contexto mundial de incertezas e frustrações e ao mesmo tempo de que com luta e determinação, haveria a possibilidade de se realizar sonhos. Assim a Legião Urbana, se torna porta –voz dos jovens década de 80. Entre os fãs há um sentimento controverso de reflexão, alegria de coragem ao ouvir e decifrar as letras da banda, como se as letras quando escritas fossem direcionadas à vida de todos os brasileiros, mas como se desde os daquela década até hoje, são constantes as mudanças no nosso cotidiano e ainda assim as letras impressionam.

            “Depois de vinte anos na escola, não é difícil aprender, todas as manhas do seu jogo sujo, não é assim que tem que ser, vamos fazer nosso dever de casa daí então vocês vão ver, suas crianças derrubando reis, fazer comédias em cinema com suas leis...”. A letra da música ‘Geração Coca-Cola’, e a música “Que País é este” mostram letras de impacto, motivando os jovens a fazer história, a mudá-la, pois os descendentes da década de 80 eram os “filhos da revolução”, a mudanças de pensamento, paradigmas e sistema político, e na frente desta verdadeira legião urbana, buscando mudanças, estava o seu líder Renato Russo.

        Os fãs faziam da banda uma religião, tornando este em um fenômeno nacional. A Legião Urbana, para muitas deixou de ser só uma grande banda, pois sim, com as letras de suas músicas, guias espirituais e de postura, principalmente de nunca desistir e fazer você mesmo, “Quando tudo está perdido, sempre existe um caminho, quando tudo está perdido, sempre existe uma luz...”.

        A Legião Urbana gravou oito discos, até a morte póstuma de seu líder, Renato Russo, vítima de Aids. No último álbum da banda, na faixa "Música Ambiente" há um trecho que diz “... e quando eu for embora, não, não chore por mim...", sugerindo uma despedida antecipada. Sua morte reativou uma espécie de mitologia sobre seu nome, tornando-o um ídolo entre adolescentes que sequer acompanharam a fase mais popular da Legião Urbana.

        A legião Urbana marcou a geração dos anos 80 e 90, e ainda hoje é difícil esquecer as letras de músicas como ‘Pais e Filhos’, cantadas por muitos "...é preciso amar, as pessoas como se não houvesse amanhã”, ou ainda da música ‘Perfeição’,... Vamos celebrar nossa justiça, a ganância e a difamação, ... venha, meu coração está com pressa, quando a esperança está dispersa, só a verdade me liberta, chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando à primavera, nosso futuro recomeça: venha, que o que vem é perfeição.